Quando comecei a escrever este texto, fui bombardeado com a notícia da morte do Kobe Bryant. Literalmente ninguém esperava uma coisa tão trágica pra um atleta que tanto somou para o planeta em um esporte. Interrompi tudo que eu estava fazendo para pesquisar mais sobre a vida dele (interessante como todos os seres humanos gostam de pesquisar legados) e me deparei com o Mamba Mentality.

O tema não muda, estamos falando de liderança e treinamentos, mas antes eu preciso te contextualizar sobre quem foi Kobe Bryant e como ele liderou um dos maiores times da história de um esporte mega competitivo.

Kobe jogou 20 temporadas na NBA (maior liga de basquete do planeta), e dentro das quadras foi um jogador IMPECÁVEL, exemplar no jogo, no comportamento, números, recordes e LIDERANÇA.

A responsabilidade de Kobe era algo que não posso medir em minha realidade… Liderar um dos times mais caros da liga, com uma das maiores torcidas, e ainda sim carregar 5 anéis de campeão, é um feito memorável!

Depois de vários vídeos e textos sobre o Kobe e alguns atletas, me veio vários insights e inspirações para escrever mais sobre o assunto, e percebi que posso dividir liderança em três tipos.

3 tipos de liderança

  1. Liderança Conquistada

Liderança conquistada é sobre o líder que esteve nos jogos, no chão de fábrica e conhece cada detalhe do dia a dia.

Sua vocação para a liderança transcende os resultados comuns, e assim ele CONQUISTA a liderança.

  1. Liderança Preparada

É sobre o líder que foi preparado para liderar. Estudou, voou ao lado de bons pilotos, assistiu grandes lideranças e fez ótimos cursos que o preparam para uma vida de líder. E quando é chegado o dia, ele assume esse posto para viver assim o seu próprio voo, e começar a construir suas primeiras experiências de liderança.

  1. Liderança Imposta

Líder que não foi preparado, e não trilhou o caminho do da conquista, mas estava no lugar certo e na hora certa pra ser convidado, e o mais importante: não hesitou em aceitar.

Kobe literalmente foi um líder acima da média por ter duas competências das 3 citadas que o tornaram um dos maiores nomes do esporte mundial. Ele foi preparado para ser o melhor e vencer num esporte de equipe, envolver, liderar e conduzir o time até a vitória. Sendo o melhor, ele conquistava todos os dias o posto de líder inquestionável do que fazia.

Engajamento de liderados

Usando exatamente o que ele fala em seus conteúdos da mentalidade mamba, eu repensei e consegui criar algumas analogias com o nossos treinamentos de liderança em vendas.

O primeiro ponto que eu percebi é que um líder, independente do seu tipo, inspira seus liderados.

A inspiração do líder para os seus liderados faz com que a visão colocada sobre a empresa, seja inquestionável e única. Um líder que tem a capacidade de inspirar com suas ações, resoluções, aproximações, comunicações, etc. Consegue mover multidões pelo seu propósito.

Interessante que as palavras que usei para definir o que inspira liderados, envolve: Ação e Solução. Estes sufixos são realistas e verdadeiros no sentido da liderança.

Faça uma pequena e simples analogia com suas realidades, pense em algum líder político, religioso ou corporativo que já conseguiu inspirar você dessa forma: agindo e solucionando.

Manutenção de engajamento do time

Quando falamos de manutenção de engajamento do time, estamos falando exatamente de: Não desengajar o que se conquistou como líder.

Essa é a parte mais legal na minha opinião, pois muitas vezes ela é confundida com a vaidade que se cai por trás da liderança. Para exemplificar:

  • Um líder independente do seu tipo, ganha elogios por inspirar.

  • Elogios massageiam o ego do líder, e ele começa a se sentir maior do que realmente é (e esse sentimento é traiçoeiro pois é exponencial).

  • O líder começa a questionar seus erros, tentando sempre entendê-lo como “variações”de um acerto.

  • O líder começa a confundir engajamento da equipe, com: gerar elogios próprios.

Estes exemplos possuem uma riqueza de detalhes muito fiel aos acontecimentos comuns de liderança. O líder é humano e está sujeito a erros assim como o liderado, e isso precisa ser CLARO.

Voltando ao que aprendemos com o Kobe…

Uma vez perguntaram a ele sobre uma derrota específica numa fase bem delicada da carreira dele, e a resposta foi intrigante e inspiradora à todos. O repórter disse: “Kobe, o que você diz sobre essa derrota?”

Resposta do Kobe(com todo o carisma possível, após a derrota):

“Eu diria que foi excitante. A derrota é a forma mais direta de perceber pontos de melhoria em mim e no time”.

Usando essas analogias para falar dos perigos de liderança citados acima, percebemos dois pontos primordiais para líderes se manterem na liderança com a mesma capacidade inspiracional:

1 - Assumir erros é tão importante quanto corrigi-los.

2 - Receber e dar feedbacks é o meio de transporte para evitar um erro futuro repetido.

Dissertando sobre esses dois itens: O Kobe não tinha nenhuma obrigação de se sentir culpado num jogo que fez vários pontos e perdeu. Muito menos, ser cobrado por isso, pois já era um jogador multicampeão. Mas naquele momento, não era o Kobe jogador campeão falando, e sim o Kobe líder inspirador construindo novamente um time vencedor. E no papel de líder, assumir erros, gera liberdade no seu time em assumir fraquezas. E da forma mais simples possível de analisar, assumir uma fraqueza (além de ser algo raro), é a forma mais rápida de começar a se reinventar como profissional. Isso tudo, usando o Feedback direto e reto e com bastante amor ao próximo. Os liderados se sentem fortemente oprimidos pela forma que recebem o Feedback, e não pelo conteúdo do mesmo. A única forma de aprender sobre isso é testar comunicação não violenta, e sempre focada na construção de virtudes, e não destruindo comportamentos.

Em resumo…

Você não perderá o engajamento se:

  • Assumir seus erros

  • Dar bons feedbacks construtivos diretos/retos e com amor

  • Estar aberto a receber os mesmos feedbacks.

Uma vez em 2016, numa palestra do Eduardo Virgílio (Fundador da LG - Lugar de gente), ele disse algo que me impactou desde então: “Toda vez que um liderado deixa seu líder, a culpa é do líder. Seja por ter deixado de inspirar, ou por qualquer motivo, o líder poderia ter evitado se estivesse de olhos abertos”.

E isso me fez refletir com líderes que começam a valorizar mais a sua própria imagem do que o propósito que o colocou ali. Não existe liderança sem liderados, e engajar, motivar e orientar os liderados ao propósito maior, ou seja: SERVIR os liderados não pode ser maior que a figura do líder. Não há nenhum assunto tão importante numa companhia do que as pessoas que nela trabalham. Grandes líderes carregam a disciplina como companheira no caminho da vitória e do sucesso, mas a arte de engajar e fazer mais pessoas terem a motivação dele mesmo (do líder), sempre será sua maior virtude.